Por Ivaney
Em meados dos anos 60, em nossa cidade foi inaugurado o
primeiro cinema, localizado na Travessa Nabor Lima Rios, Centro. As maquinas
projetores dos filmes, foram compradas por Otacílio, um grande artista da
construção civil daquela época.
Os filmes eram recebidos em rolos protegidos por caixas de
metal, vinham juntos também os grandes cartazes que traziam fotos das cenas de
cada filme, que eram exibidos em tabuletas colocadas nas portas dos bares e em
pontos estratégicos a exemplo da feira livre. No salão da exibição, era
esticada uma grande tela feita de pano branco, sobre uma parede reta onde era
projetada a filmagem.
Lembro-me do primeiro filme que assistir, foi A Onça
Vencedora com o galã italiano da época Giuliano Gemma e Randolf Scotch. As
seções eram as sextas-feiras, aos sábados e domingos não tinham seções, pois
sempre tinha festa na cidade ou futebol que vinham de outras cidades, após o
jogo o pessoal pegava festa ou boate no Clube SBC, por esse motivo não tinha
exibição.
O salão não tinha cadeira, as
pessoas traziam cadeiras, tamboretes e bancos na cabeça, outras traziam
esteiras de palha. Os filmes eram divididos em até três rolos, quando acabava a
projeção de cada rolo, acendia as luzes as pessoas levantavam-se para esticar
as pernas, fumar, ir ao banheiro, comprar castanha e amendoim torrado dos
meninos que vendiam em frasqueiras, também aproveitava o momento para tirar
sarro e colocar apelide nos outros, quando ia recomeçar a projeção dava-se
um sinal nas luzes, acendia e apagava várias vezes que era para as pessoas
acomodarem-se em seus lugares e fazerem silêncio.
Quando terminava o filme só tinha
uma porta para sair que era a mesma da entrada, todo mundo queria sair ao mesmo
tempo com o objeto na cabeça que tinha levado para sentar, aí você imagina a
confusão que formava.
Um morador que não vou falar o
nome, foi assistir a um filme pela primeira vez e irritou-se quando deparou com
uma cena em que um ator imberturou uma linda atriz e ele pulou em cima da tela
para separar dizendo, “solta a mulher rapaz”. Nesse momento foi uma grande
gozação.
Após esse cinema houve outros na
cidade, existia um rapaz de Serrolândia chamado Anselmo que trazia os filmes
para exibir em salões alugados, foi montado o Cine Aramuí na Praça Edvaldo
Valoís, tivemos também um cinema localizado na Praça Soares da Cunha, que
pertencia a Pedro de Tibúrcio, outro do Senhor Edvaldo Rios e várias pessoas
que tinha cinema ambulante, onde era exibido os filmes em povoados e cidades
vizinhas.
Os rapazes daquela época levavam
as garotas para namorar no escurinho do cinema. Bons tempos!
Nilton Ivanei Gomes dos Santos, nascido em 1952 em Salvador, mas criado em Várzea do Poço – Bahia.
Historiador que vivencia os movimentos culturais, esportivos e políticos.