sábado, 2 de julho de 2016

Capital: Engenheiro de 61 anos é morto em perseguição policial na Avenida Paralela

O engenheiro elétrico Moacyr Trés Costa Doria, 61 anos, foi morto no dia 18 de junho em uma abordagem policial em Salvador. Segundo a família, que só descobriu a morte por conta própria, quando o caso já era investigado, há versões conflitantes sobre o que aconteceu. Os policiais militares envolvidos na ação foram afastados por ordem do secretário da Segurança Pública, Maurício Teles Barbosa. Moacyr, que era professor há muitos anos do Instituto Federal da Bahia (Ifba), no Barbalho, foi morto em ação da Polícia Militar na Avenida Paralela. O carro, um Ford Ka com várias marcas de tiros, está no pátio do Departamento de Polícia Técnica (DPT). Ele foi atingido por dois tiros, um na região genital e outro na veia femural. O engenheiro saiu de casa e foi em um supermercado na Avenida ACM, onde por volta das 8h comprou leite e granola. De lá, seguiria para um condomínio na Avenida Paralela, onde nunca chegou. Como o engenheiro morava sozinho, a ex-mulher, que é sócia dele em uma empresa da área de construção, só soube que ele não estava retornando para casa na quarta-feira (22). "A vizinha ligou e disse que estava estranhando que o carro do Moacyr não estava aparecendo há dias. Ela (a ex) procurou o filho, amigos, ligou para parentes do Rio. Ninguém sabia", diz o advogado Bruno Rodrigues. A ex-mulher, preocupada, começou a ir em delegacias e hospitais da cidade em busca de notícias. No sábado (25) encontrou o corpo do engenheiro no Instituto Médico Legal (IML), com a informação de que ele havia sido morto por policiais militares. "No IML disseram que os policiais deixaram o corpo lá afirmando que ele furou um bloqueio no Imbuí, passou atirando, imagina, um cara de 61 anos, professor", conta o advogado. Segundo relato do advogado, o IML se recusou a fornecer a guia para a família, que seguiu para a Corregedoria da PM.
Engenheiro deixa um filho
(Foto: Arquivo Pessoal)
Um outro advogado que os acompanhava conseguiu ter acesso aos autos. "Já tinha um inquérito lá. Porque não foi para a Polícia Civil, como deveria proceder? E o plantonista ainda se recusou a fornecer cópia, o que a lei obriga. Já acionamos a OAB", afirma. Ele diz que a Polícia Militar tinha todos os dados do engenheiro e mesmo assim não procurou a família para informar da morte. "Foi totalmente encoberta a situação", afirma. A ex-mulher do engenheiro procurou a Polícia Civil para registrar um Boletim de Ocorrência da situação. O advogado questiona a versão apresentada pelos policiais envolvidos no inquérito. "Os policiais dizem que ele furou uma blitz em Lauro de Freitas e furou cinco bloqueios, por isso foi alvejado. Afirmam que um projétil desses atingiu o pneu e ricocheteou, atingindo a femoral. Mas o carro tem mais de 17 projéteis, está com pneus todos estourados", relata. "E os ângulos de entrada mostram que quem atirou estava do mesmo lado do carro. Emparelhado pela polícia e metralhado", acredita. "O carro sem película, à luz do dia, não tem desculpa para o que aconteceu". (Correio)

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